sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Lamentos, sugestões e um pouco de marketing pessoal


Música em rádio. As mais pedidas. Comunicação jovem. Eventos patrocinados. Músicas patrocinadas. Cultura patrocinada. A fórmula se repete e não se diz quase nada a respeito. Os meios de comunicação, do ponto de vista de quem os controla, são empresas, e, como qualquer fábrica de chinelos ou loja de produtos hospitalares, possui como objetivo central o lucro. Mas não estamos falando de chinelos, balanças ou qualquer coisa do gênero. Estamos falando de arte, de inspiração, de tradição, de inovação, enfim, do ser humano no exercício da sua expressão enquanto ser social. Sendo então a cultura todo o fazer humano, deve ela ser regida pelas mesmas regras que submetem a compra e venda de qualquer produto? Independentemente de qualquer questionamento o fato é que a música, inserida num contexto mais amplo de coisificação da cultura, é sim produzida e comercializada em escala industrial.

Segundo relatos de profissionais da comunicação e de músicos com os quais tivemos contato, as relações, digamos, mais próximas entre as gravadoras e as rádios datam de meados dos anos 60, o que se pode dizer que marca o início da homogeneização da produção e do consumo musical no Brasil. Se antes cada artesão fazia um tipo de chinelo, tornando assim os custos de matéria-prima e distribuição relativamente altos, agora a indústria produzia a partir de moldes, adaptados aos pés do consumidor médio, e distribuía esse produto por todo o país. Hoje a prática de pagar para um artista ser tocado (conhecida como Jabá) é praticamente institucionalizada em muitas rádios, aliás, isso não ocorre apenas na programação musical das rádios, mas também em programas televisivos, resenhas de jornal e daí por diante. Só não damos nomes às raposas porque não temos dinheiro suficiente para pagar uma assessoria jurídica, mas não é difícil imaginar, basta um zapping na TV nos domingos à tarde para saber do que estamos falando.

Todo esse tratamento da música como produto, que transforma arte em business, restringe, por uma série de motivos, a qualidade do cenário musical mundial. Esse tipo de restrição pode ser notado em vários aspectos da música que toca nas rádios comerciais. As letras das músicas raramente podem ser chamadas de poesia, as soluções melódicas se repetem, os traços regionais são sufocados. Em um país com uma diversidade cultural muito grande como o Brasil, as rádios acabam não representando o contexto local, tocando músicas e artistas que são repetidos incessantemente em qualquer parte do território nacional. Quantas vezes você já ouviu uma banda de Santa Maria nas nossas rádios? Santa Maria é, reconhecidamente, um pólo musical importante no Estado, mas com exceção da música nativista e de uma ou duas bandas que estão inseridas na lógica das gravadoras quase nada do que é feito aqui se ouve nas FMs locais.

Pensando nesses diversos fatores que atravancam o desenvolvimento e divulgação da música, concebemos a idéia de produzir o programa radiofônico Pró-Música, que vai ao ar na Rádio Universidade 800AM, toda a quarta às 23h. O Pró-Música é um programa temático que tem como base dois elementos: apresentar um repertório musical de qualidade e diferenciado, e agregar conhecimento ao ouvinte através da reflexão, da pesquisa musical e de entrevistas com pessoas que possam falar com autoridade sobre o assunto. Música é cultura, portanto, pode trazer consigo todas as expressões que fazem parte do ser humano. Essa idéia mais abrangente de música já guiou o Pró-Música a manifestações históricas como os Festivais de MPB, a orientações literárias como o Dadaísmo, a expressões místicas e religiosas como o Exorcismo, a diversas paisagens naturais do Brasil e ao próprio debate da produção musical na indústria cultural.

A diversidade de assuntos abordados no Pró-Música permitiu o contato com os mais variados gêneros musicais. Sem sair do aconchego do pampa, escolhemos 4 artistas ou bandas do RS que já estiveram no programa para apresentar a você:

Outhouse Birinight Band: Iniciamos com uma sugestão local. A Outhouse é uma banda santa-mariense, e esteve presente no estúdio da Rádio Universidade durante a gravação do 37° Pró-Música, que abordava o Hardrock setentista. A banda iniciou atividades no ano de 2003, e é formada por Alex Bortolloto (Guitarra e voz), Leandro Correa (bateria), Régis Righi (baixo) e Vinicius Brum (Voz).
Esse quarteto faz o tradicional hardrock, pesado e clássico, com influências de Free, Led Zeppelin, Alice Cooper (em sua fase antiga), Grand Funk Railroad, entre outros grandes expoentes do estilo pesado. As letras, em português, retratam as noites da boemia do Rock’n’Roll. Eles também fazem releituras de algumas bandas “das antigas”. A escolha dessas bandas se dá através de uma pesquisa musical feita pelos integrantes, tentando sempre trazer algo novo para o público da banda.
Em agosto desse ano, a banda obteve um ótimo resultado no 5° Festival de Bandas, organizado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), ficando em segundo lugar. Para quem quiser ouvir a banda ao vivo, eles irão tocar no bar “Santa Ceva”, dia 11 de outubro. Para quem quiser conhecer mais sobre a história da banda acesse: www.outhousebb.blogspot.com .

Artur Aguiar e os Colhedores de Algodão: Também uma banda de Santa Maria que tem três anos de existência e que faz um som guiado pelo Blues elétrico com pegadas de Funk, Soul e Rock. A banda é formada pelo vocalista e guitarrista Artur Aguiar, o baixista Cezar Marqueri, o baterista Rafael Berlezi e pelo tecladista Fabrício Fortes.
Mesclando um Blues pesado com o tradicional, a banda vai levando suas músicas com composições próprias. As suas composições, todas em português, trazem um o cotidiano de um verdadeiro bluseiro, com elementos subjetivos. Segundo os integrantes, as influências da banda seriam as seguintes: Abert King, Buddy Guy, Otis Hush, Ray Charles, Stivie Ray Vaughan, Eric clapton, Cactus, Joe Spencer, Blues Explosion, Jhonny Winter, dentre outros.
A banda lançou um CD em 2005, onde apresentou 8 músicas entre composições próprias e convers de grandes clássicos do Blues. Eles participaram do 26° Pró-Música, onde abordamos a relação entre música e carros.

Jayme Caetano Braum: Pajador missioneiro apresentado no 2º Pró-Música que contou com a participação do jornalista Chico Sosa. Faz parte dos denominados “Troncos Missioneiros” e traz em suas pajadas a virtuose da improvisação além da crítica social tão presente na música Missioneira.
O autor de poesias e de livros permite que o ouvinte perceba a riqueza da música regional do Rio Grande do Sul, afirmando a força do local e ampliando a percepção da riqueza musical do nosso Estado. Consegue com suas pajadas fazer uma narrativa perfeita dos momentos da vida campeira, transmitindo a mesma emoção do momento inspirador da sua arte. Exemplo disso é a pajada “Buchincho”, onde conta o entrevero que teve em um baile de campanha.
Jayme Caetano Braun teve por muito tempo um programa na Rádio Gaúcha. Foi amigo intimo de Mário Quintana, a quem dedicou uma de suas pajadas. Morto em 1999, Braun é necessário para o conhecimento da música da nossa região. E como poeta que era, nada melhor que terminar com suas palavras: “Eu somente quero ser / a mais apagada imagem / deste Rio Grande selvagem / que até morto hei de querer!”.

Vitor Ramil: Este compositor, cantor, músico e escritor pelotense, já consolidado como um dos grandes nomes da música gaúcha, foi o entrevistado na 35ª edição do Pró-Música, quando tratamos de Releituras. No entanto, enquadrar este artista neste tema é quase uma injustiça se considerarmos o nível das poesias e melodias criadas por ele. O irmão mais novo de Kleiton e Kledir assume a herança da música gaúcha e a transforma, fazendo do regional o universal através de misturas inusitadas e não menos brilhantes, capazes de levar milongas para passear em lugares nunca antes imaginados.
Vitor Ramil acabou de lançar seu oitavo Cd, intitulado ‘Satolep Sambatown’, o qual foi gravado em parceria com o percussionista carioca Marcos Suzano. O novo trabalho dá novos ares à proposta desenvolvida pelo gaúcho desde 1997, quando criou a denominada ‘Estética do Frio’, fundamentada em um livro de mesmo nome, lançado juntamente com o CD ‘Ramilonga’. Vitor diz que o novo disco é o seu melhor, mas enquanto não conferimos suas novas músicas apontamos o Cd Tambong, de 2000, como a melhor opção para conhecer o artista.

Os Cd’s da Outhouse Birinight Band e da Artur Aguiar e os Colhedores de Algodão, gravados no Pró-Música, podem ser ouvidos e baixados no site do programa, assim como todas as edições do Pró-Música. O endereço é www.ufsm.br/promusica.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Nas ondas do Blog!


Olá!
É, estou vindo com mais freqüência que de costume a esse ciberespaço. Resolvi mudar a característica de textos esporádicos, para uma atualização diária (até quando vou conseguir). Por isso, hoje quero sugerir que ouçam meu programa de rádio, o Pró-Música, que está com uma temática muito interessante. Blogs como meio de discussão e resgate musical:
E veio a Aldeia Global. O regional torna-se mundial, não há mais recantos inexplorados. Estamos todos em um mesmo contexto, na mesma dimensão, ligados através de vias virtuais. As fronteiras caíram, e uma sociedade comum soergueu-se sobre as facilidades de interação via internet.
A internet possibilitou contatos praticamente impossíveis, dadas intransponíveis barreiras idiomáticas e geográficas que se reduziram a um simples clique no mouse. Nesse ambiente, os conhecimentos circulam livremente como em uma highway, e a música não fica para traz. Dentro desse aparato tecnológico, ela é tema de muito interesse, e alimenta grandes polêmicas virtuais, especialmente no campo do direito autoral e das grandes cifras que costuma movimentar.
O Pró-Música de hoje, contudo, deixa as polêmicas de lado e traz alguns blogs que perpetuam e espalham boa música e conhecimento pela infinita highway da informação. Conversando com o pessoal do programa, estão o jornalista Ricardo Noblat e o estudioso de blues, Marcus Mikhail.

Baixe aqui: http://www.4shared.com/file/24491014/d7db1341/40-_A_msica_atravs_dos_blogs_com_Ricardo_Noblat_e_Marcus_Mikhail.html
O programa vai ao ar toda quarta-feira, às 23h, pelos 800 AM da Rádio Universidade ou no site www.ufsm.br/radio e sexta-feira, pela Web Rádio Universitária, em http://www.radiouniversitaria.com.br/

P.S.: Agradecimento especial ao meu amigo Marcus Mikhail!

PRÓ-MÚSICA
www.ufsm.br/promusica

Espero que vocês gostem!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Icky Thump, Peso clássico


A banda de rock ‘The White Stripes’ lançou no final do mês de junho o seu sexto álbum, ‘Icky Thump’, uma das melhores obras da dupla de Detroit (EUA), formada por Jack e Meg White.
Jack e Meg White na capa de seu novo álbum.
O duo de rock lançou seu primeiro álbum em 1999. Nesses oito anos de carreira, a banda já alcançou marcas invejáveis, se tornando referência do rock de garagem e do estilo minimalista, característico pela batida repetitiva e hipnótica. Com o CD ‘Elephant’, a banda ganhou dois prêmios no ‘Grammy’: melhor álbum de rock alternativo e melhor canção de rock do ano, com ‘Seven Nation Army’.
Porém, o que mais chama atenção nessa banda e o que a diferencia das demais é misturar sons tradicionais, como blues, folk e puro rock & roll, com batidas eletrônicas. Jack White se lançou ano passado com um projeto solo, a banda ‘The Raconteurs’, trabalho paralelo ao ‘The White Stripes’. Logo se ouviu rumores de que a banda havia acabado. Esses boatos caíram por terra quando, no final do mês de junho, a dupla lançou ‘Icky Thump’, talvez o melhor álbum da banda. Maduro e consistente, mantendo a pegada experimental, só que de forma mais acentuada.
Antes do lançamento do CD com todas as músicas, o ‘The White Stripes’ lançou dois discos de vinil, com um ‘single’ da banda cada. O disco que leva a música ‘Icky Thump’ já é o vinil de um único ‘single’ mais vendido do Reino Unido, com dez mil cópias comercializadas em apenas dois dias. Esses vinis têm duas cores: o ‘Icky Thump’ é branco e o ‘Rag and Bone’ é vermelho, cores características da dupla.
Além dessas duas músicas, o CD conta com mais 11 canções. Ouvindo as 13 faixas, se pode captar a essência da banda. Em ‘300mph Torrential Outpoor Blues’ e ‘Catch Hell Blues’, o blues flui com uma viola ao estilo Robert Johnson. Já em ‘Prickly Thorn But Sweetly Warn’, a gaita de fole do folk substitui a guitarra furiosa de Jack White. A fusão entre o folk e rock & roll em doses minimalistas se dá na próxima faixa do álbum, ‘St Andrew This Battle Is In The Ai’r. ‘Little Cream Soda’ é a canção que muda totalmente o estilo da banda e quebra a linearidade. Passa dos sons tradicionais para uma pegada quase ‘heavy metal’ com batidas eletrônicas.
Assim como no segundo álbum da banda, o ‘De Stijl’, de 2000, quando homenagearam um movimento filosófico holandês, o ‘Icky Thump’ também tem uma temática definida. Ele fala da imigração anglo-saxônica para terras americanas. ‘Icky Thump’ é um álbum genial de uma banda genial. Para quem gosta do bom rock & roll de raiz no século XXI, que fuja da linearidade e da classificação de estilos, esta é uma boa opção.

P.S.: Já escrevi um texto sobre o Icky thump em outra postagem, mas mesmo assim, ai vai um texto mais detalhado que escrevi para uma disciplina da faculdade.

sábado, 15 de setembro de 2007

Blues parafraseado...

Despois das férias e de um tempo de subjetividade absoluta, volto as atividades. Hoje quero fazer uma recomendação com as palavras de outra pessoa.

Viajando por blogs de blues, me agradou o encarte de um CD. Resolvi baixar pra ver se o som correspondia à arte da capa. Era muito melhor. Tratava-se da banda sueca Doctor Blues. Foi amor à primeira audição! O Blues dançante com vocais carregados de interpretação da linda Karin Rudefelt.

Fiquei muito fã da banda, mas achei apenas 4 músicas na internet. Certo dia, sem pretensão nenhuma, resolvi deixar um recado no site da banda. Alguns dias depois encontrei no meu e-mail a resposta, assinada pelo guitarrista e líder da banda, Lennart Olofsson. Começamos a nos corresponder, contei que no Brasil era quase impossível encontrar um CD da banda e que também tínhamos uma cena blues interessante. Lennart solidarizou-se e resolveu enviar-me os dois CDs da banda!

Bom, disse que ia receitar essa banda com as palavras de outra pessoa. Essa pessoa é o meu amigo Marcus Mikhail, do blog Blues Masters (http://www.bluesmasters.blogspot.com/). Ele além de fazer uma ótima resenha sobre a banda, entrevistou Karin. Então vamos ao texto de Marcus sobre Doctor Blues e depois a entrevista com a vocalista da banda, Karin Rudefelt.

DOCTOR BLUES (RETIRADO DO BLOG http://www.bluesmasters.blogspot.com/ )

Podemos considerar que o Doctor Blues começou quando o músico sueco Lennart Olofsson encontrou o dinamarquês Dan Bindel em 1980. Suas influências eram o blues do Delta (onde Dan dominava no slide), o estilo mais pesado de Chicago e também o blues inglês da década de 1960. A primeira apresentação do grupo ocorreu em 1981. A banda se firmou na cena de blues especialmente no sul da Suécia assim como na Dinamarca e até o momento passaram pelo grupo até vinte músicos diferentes. Com as diversas formações que teve, o Doctor Blues se apresentou de trio a sexteto ajustando sempre seu repertório de covers a formação. Com o tempo Lennart começou a compor suas próprias composições.
O passo fundamental para a história da banda aconteceu em 1996 quando Karin Rudefelt assume os vocais. Desde então, a banda passa a se chamar “Karin Rudefelt & Doctor Blues”. O primeiro álbum “No Pain No Gain” foi lançado em 2003. Algumas gravações começaram a tocar em rádios italianas, suecas e inclusive rádios americana. E foi dos EUA que partiram elogios à banda através da Blues Revue Magazine. A partir daí, o grupo tocou nos mais diversos clubes de toda Suécia e participou de festivais importantes na Europa. Cada vez mais a banda procura introduzir inovações em seu som e investe em material próprio sem esquecer das características tradicionais do Blues.
Essa crescente evolução da banda e a excelente repercussão do primeiro disco, despertou o interesse de produtores europeus para a concretização do segundo registro oficial da banda: “Breakin’ The Chain”, finalizado e lançado em 2006.
Karin Rudefelt & Doctor Blues é:
Karin Rudefelt – vocalLennart Olofsson – guitarra e vocalAnders Wemming – guitarra, slide e harmônica
Lennart Lundberg – baixo
Tobias Magnusson – bateria

Mais informações: Official Website / My Space
Para conhecer o som da banda:
You Need a Roadmap (de "No Pain No Gain" - 2003)
My Man Won't Set Me Free (de "Breakin' The Chain" - 2006)

Karin Rudefelt é vocalista da banda sueca Doctor Blues a mais de 10 anos. A banda já apareceu aqui anteriormente e Karin concedeu uma entrevista ao Blues Masters. Ela conta curiosidades de sua carreira e até o que gostaria de escutar dos músicos de blues aqui do Brasil.


BLUES MASTERS: Você se juntou ao Dr Blues em 1997. Como era sua carreira musical antes dessa data ?KARIN RUDEFELT: A primeira banda que participei era na época uma banda punk. Estive em diversas bandas desde o começo do anos 90. Com o Doctor Blues me senti em casa, e já é a banda na qual passei mais tempo como vocalista.


BM: Consegue lembrar qual foi a música ou álbum que causou tanto impacto em você, fazendo com que tomasse a decisão de seguir a carreira musical ? KR: Eu até gostaria, mas não acho que é possível escolher apenas um agora. Mas posso lembrar que sempre tive uma necessidade quase compulsiva de cantar em diferentes estilos, sempre tentando soltar minha voz colocando meu próprio estilo. Tenho uma enorme admiração por vozes em geral.

BM: Quais cantoras de Blues mais te influenciam? KR: Bonnie Raitt, sem dúvida. Ela é única. Eu me deparei com um CD dela em uma loja em Los Angeles em 1995. Lembro que no momento pensei que aquele era um álbum ‘bluesy’ demais para gastar um dólar nele. Mas, acabou se tornando o dinheiro mais bem gasto! Ela me arrebatou completamente e continua me inspirando mais e mais. Obviamente, existem muitas outras importantes a serem mencionados aqui, como: Beth Hart, Norah Jones, Eve Cassidy, Aretha Franklin, Sheryl Crow, Sass Jordan…

BM: Algum artista em especial na Suécia influenciou sua carreira musical ?KR: A artista sueca de Blues/Rock/Pop Louise Hoffsten teve uma grande influência sobre mim no começo. Ela é uma incrível e versátil compositora. Cantei muitas vezes suas composições em diversas bandas. Tudo que Louise faz é enraizado no blues, algo que eu não percebia quando era mais jovem. Então, quando tive a chance de cantar blues realizei tudo que queria. Apenas não tinha rotulado aquilo como blues. Louise também toca harmônica e é uma pessoa muito simpática. You go girl! Se você quiser conferir seu trabalho, recomendo especialmente os álbuns Rhythm & Blonde (1993) e Six (1995).

BM: Tenho observado através de pesquisas uma quantidade enorme de bandas de blues na Europa. Como tem sido a aceitação do som do Dr. Blues dentro e fora da Suécia ? KR: A Internet criou oportunidades maravilhosas para contatar pessoas (como agora !). Sei que nossa música é tocada freqüentemente em rádios da Itália e da Macedônia, o que é muito bom! Na Suécia nós temos bons comentários de nossos shows e diversos lugares realmente legais para tocar. Tocar em lugares diferentes pode ser atualmente um grande caminho para conhecer seu país.

BM: Desde que publiquei a história do grupo no blog, venho recebendo comentários positivos sobre o som da banda! E a aceitação de sua música nos EUA ?KR: É ótimo escutar isso! Nós tivemos muitos comentários positivos a respeito de nosso primeiro álbum, auto-intitulado Doctor Blues, na maior revista de blues da América, Blues Revue. Existe uma curta e curiosa história sobre isso: Lennart (guitarra) colocou um CD nosso em um envelope e escreveu “smoke this Swedish blues” – sem carta ou qualquer outra coisa- e enviou para a Blues Revue. Algumas semanas depois nós tivemos o comentário na revista.

BM: Conte-nos mais a respeito dos festivais de blues na Europa. KR: Devo admitir que não tenho muito conhecimento sobre o blues na Europa. O blues tem sido sempre americano e sueco para mim. Gostaria de ir a mais festivais na Europa e é claro que existem grandes bandas esperando para serem descobertas a muito tempo.

BM: Como compara a aceitação dos álbuns “No Pain No Gain” e “Breakin’ The Chain” ?KR: Faz sentido dizer que o primeiro álbum teve mais atenção, talvez por ser o primeiro. É um pouco mais tradicional – mais ‘old school’. "Breakin’ The Chain" é mais experimental, mais versátil, com mais influências de outros gêneros. Acho que o próximo será assim também. Gosto quando o blues é misturado com o rock, funk ou soul.

BM: Algum novo trabalho pronto para ser lançado pelo Dr. Blues ? KR: Estamos pensando entrar em estúdio novamente no outono. Mas é claro que sempre vou continuar atenta a aceitação dos trabalhos anteriores.

BM: Alguma chance de ver a banda na América do Sul em breve ?
KR: Se você nos contratar, nós vamos! (risos) Seria maravilhoso! Eu nunca fui até a Américia do Sul e adoraria ir! Infelizmente, não temos planos para isso no momento.

BM: Obrigado pela entrevista! Deixe seu recado para os leitores do Blues Masters e fãs do Blues no Brasil. KR: Como falei anteriormente, adoro quando o blues se desenvolve e interage com outros gêneros. Acredito que o blues vem sendo protegido de forma muito tradicional e precisa se desenvolver para manter o interesse do público e também conquistar os músicos mais jovens. Desafio seus leitores a fazerem sua própria mistura de ‘hot blues’ com ‘hot samba’ com alguns instrumentos de percussão. Isso que eu gostaria de ouvir!

Para ver o que já foi publicado sobre Karin Rudefelt & Dr. Blues clique aqui .
Doctor Blues Official Website

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Diáspora!


Nirvana está apropriado para o momento. Depois de um belo banho nas águas poluídas da realidade, partimos para a última batalha dessa guerra. Ele parecia inofensivo! Porém lutamos com dignidade. Nosso oponente tinha poderes tão velhos quanto mágicos que se fizeram mais fortes do que qualquer arma que apresentássemos.
Caímos
Depois de voar merecidamente, mergulhamos no mar da realidade e nos deixamos afogar para amanha acordar e voltar a viver morrendo.
Não sei o porquê, só sei que é tristeza...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Mecânica!

As nuvens em penumbra, o vulto dos morros, as luzes difusas na névoa e no álcool. Quando um hiato arranca sorrisos e deforma a planície de água, levando consigo pedaços da terra.

A freqüência modula, modula, até encontrar o devastador ponto de equilíbrio, para que subtamente uma força eletromotriz coloque em movimento o motor a vapor. A vela está acesa! Tudo começa a funcionar, o combustível tão negro quanto o petróleo e tão claro quanto o álcool, que faz com que AUTOfalantes, digam frases AUTOmáticas.

Ciclos viciosos a parte, alguém acredita? O frio passa a ser pretexto.

(O surrealismo não passa de desculpa para minha loucura lúcida)