Nunca vi um dezembro com tanta cara de agosto. Acordo sem coragem de conviver com o meu quarto e as coisas que me cercam. Há muito elas já me dão a sensação de estar preso e condenado à monotonia. Junto todas as minhas forças e empreendo-as no esforço de levantar e me alimentar. Na cozinha, o refinado menu é pão velho com chá fraco.
Depois dessa fortificante refeição, aplasto-me em frente a TV. Incrivelmente após um banho de futilidade, minhas forças aumentam, já passam de 3% do total. Corro para o computador e escrevo um texto que tirei da minha garganta. A muito estava ali engasgado. Desculpe se aticei sua curiosidade, esse é mais um daqueles textos que queríamos mostrar a todos, mas que por várias circunstâncias se torna impublicável.
Depois dessa enxurrada de emoções, minha vontade já bate recorde, comparando com os outros dias dessa semana. Alcancei cerca de 13%. Já consigo sair por ai, totalmente sem rumo. Apenas eu, as nuvens negras que cercam a minha cabeça, e minha discoteca ambulante, que me salvou de um silêncio mórbido. Mesmo com pessoas, poucas pessoas, pela rua, a sensação é de estar de passagem em uma cidade abandonada e pronta para ser arrasada por uma tormenta.
Voltando a música, ao apertar play, o que vem é uma melancólica canção argentina. NÃO! Minha auto-estima grita! Logo passo para um rock-blues que me conduz pelas ruas de Santa Maria. Os solos da guitarra são muito mais envolventes do qualquer paisagem suja e carcomida. Não presto atenção em nada, apenas caminho. Meu transe só é interrompido por algum garoto pedindo moeda.
Quando saí de casa, o céu dava indícios de que ficaria limpo. Porém, saí e levei as minhas nuvens negras, e por muita sorte, elas ficaram pelo caminho, pesando mais o céu. Depois de uns 40 minutos de caminhada, passo em uma padaria, já que havia exterminado com meus pães velhos. Chego em casa, mente aliviada, a chuva volta e sem impõe. Voltei ao meu mundo, enfadonho, diga-se de passagem.
3 comentários:
Eis um domingo que Terra poderia ter girado mais rápido. Mas contrariando a vonta, ele insiste em demorar, como outros domingo tedioso e chuvosos...
Mais uma vez, massa o texto!
Abraço!
Tava passando pelas comunidades da vida e resolvi procurar uma de blogs, ai achei o seu. Botei fé, adorei os textos x]
Cara, o que fazer para superar a pasmaceira?
Correr pelado na chuva? Se apaixonar? Escrever um texto?
Gostei!
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